Teste de Atividade Metanogênica Específica (AME)

01-07-2024

AME: Avaliando a Eficiência dos Micro-organismos Metanogênicos. Descubra como o teste de Atividade Metanogênica Específica (AME) otimiza processos anaeróbios, maximizando a produção de biogás e contribuindo para a eficiência energética!

Segundas de Conceitos
Série de posts “Grânulos do Saber” 

Atividade Metanogênica Específica (AME)

Avaliando a Eficiência dos Micro-organismos Metanogênicos

 

O que é a AME?

A Atividade Metanogênica Específica (AME) é uma ferramenta essencial para o estudo e controle de processos anaeróbios. De acordo com Aquino et al. (2007) e Kunz, Steinmetz & do Amaral (2022), este teste avalia a capacidade dos micro-organismos metanogênicos em produzir metano a partir de substratos orgânicos sob condições controladas de laboratório. Aqui estão os principais pontos sobre o teste AME:

Objetivos do Teste de AME 

  • Avaliar a Eficiência Microbiana: O teste mede a taxa de produção de metano, fornecendo informações sobre a saúde e a eficiência da população metanogênica presente no lodo anaeróbio.
  • Monitoramento de Reatores: Utilizado como parâmetro de monitoramento da eficiência dos reatores anaeróbios (biodigestores).
  • Controle Operacional: Ajuda a estabelecer a capacidade máxima de remoção de DQO (Demanda Química de Oxigênio) da fase líquida, crucial para o dimensionamento correto dos biodigestores.

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Aplicações do Teste de AME 

  • Pesquisa e Desenvolvimento: Investiga diferentes substratos, condições de operação e tipos de inóculos para otimizar a produção de biogás.
  • Seleção de Inóculos: Compara a atividade metanogênica de diferentes inoculações anaeróbias, auxiliando na escolha do inóculo mais adequado para os biodigestores.
  • Dimensionamento de Biodigestores: Fornece dados essenciais para o dimensionamento correto, garantindo eficiência no processamento do material orgânico.
  • Monitoramento e Controle: Avalia a saúde e a eficiência da biomassa anaeróbia (micro-organismos), identificando problemas e oportunidades de otimização.

Benefícios do Teste de AME 

  • Eficiência Energética: Maximiza a produção de biogás e metano, contribuindo para a geração de energia renovável.
  • Redução de Poluentes: Ajuda na remoção de compostos reduzidos, melhorando a qualidade do efluente tratado.
  • Otimização de Processos: Fornece subsídios para a adoção de procedimentos mais racionais e eficientes no gerenciamento de lodos anaeróbios.
  • Comparabilidade de Resultados: Apesar da falta de padronização, o conhecimento da AME permite a comparação relativa dos resultados, facilitando o controle e a otimização dos reatores anaeróbios.

Desafios e Considerações

  • Metodologias Diversas: Diferentes métodos de incubação e quantificação do metano complicam a padronização dos resultados.
  • Necessidade de Padronização: A harmonização dos protocolos de teste é fundamental para aumentar a comparabilidade e aplicabilidade dos resultados.
  • Interpretação Profissional: Os resultados devem ser analisados por profissionais qualificados para garantir a correta interpretação e aplicação dos dados obtidos.

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Qual é a diferença entre os testes BMP e testes de AME? 

Os testes de BMP (Biochemical Methane Potential) e de AME (Atividade Metanogênica Específica) são ambos utilizados na avaliação de processos anaeróbios, mas possuem objetivos, metodologias e resultados distintos. Aqui estão as principais diferenças entre eles:

  • Teste BMP: O teste de BMP visa determinar o potencial máximo de produção de metano a partir de um substrato orgânico específico. É usado para avaliar a quantidade de metano que pode ser gerada a partir de resíduos orgânicos em condições ideais.
  • Teste de AME: O teste de AME mede a atividade dos micro-organismos metanogênicos, ou seja, a taxa de produção de metano por unidade de biomassa microbiana. Ele avalia a eficiência e a capacidade dos micro-organismos de converter materiais orgânicos em metano em um determinado ambiente.

A tabela abaixo destaca as principais diferenças entre os testes BMP e teste de AME, mostrando como cada um é utilizado para diferentes finalidades no contexto da digestão anaeróbia e produção de biogás.

Característica

Teste BMP
(Biochemical Methane Potential)

Teste de AME
(Atividade Metanogênica Específica)

Objetivo

Determinar o potencial máximo de produção de metano de um substrato orgânico

Medir a taxa de produção de metano por unidade de biomassa microbiana (micro-organismos)

Foco

Potencial total de produção de metano

Atividade dos micro-organismos metanogênicos

Preparação da Amostra

Substrato a ser testado

Lodo anaeróbio ou inoculante com micro-organismos metanogênicos

Inoculação

Mistura do substrato com inoculante

Adição de substrato específico à amostra

Incubação

Frascos ou reatores selados, condições anaeróbias, temperatura controlada

Mistura incubada em condições anaeróbias e temperatura controlada

Monitoramento

Produção de metano monitorada ao longo de um período (15-30 dias)

Produção de metano monitorada ao longo do tempo

Resultado

Quantidade total de metano produzido [m³ de CH4/kg de matéria orgânica volátil (Sólidos Voláteis Totais) ou DQO]

Taxa de produção de metano (ml de CH4/g de SSV por dia ou por DQO removida)

Tempo de Teste

Geralmente mais longo (15-30 dias)

Pode ser mais curto, dependendo do objetivo

Aplicações

Avaliação de substratos, dimensionamento de sistemas, pesquisa e desenvolvimento

Avaliação da atividade microbiana, otimização do processo, diagnóstico de problemas

Avaliação de Substratos

Sim

Não

Otimização de Condições Operacionais

Não

Sim

Diagnóstico de Problemas no Reator

Não

Sim

A AME é um parâmetro crucial para o controle e otimização de biodigestores, contribuindo para a sustentabilidade e eficiência energética dos processos de tratamento de resíduos orgânicos.

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Referências Bibliográficas Consultadas

  • AQUINO, Sérgio F. et al. Metodologias para determinação da atividade metanogênica específica (AME) em lodos anaeróbios. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 12, p. 192-201, 2007. Disponível em: < DOI: 10.1590/S1413-41522007000200010 >
  • KUNZ, Airton; STEINMETZ, Ricardo Luis Radis; DO AMARAL, André Cestonaro. Fundamentos da digestão anaeróbia, purificação do biogás, uso e tratamento do digestato. 2022. Disponível em: < Embrapa >

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Série de posts “Grânulos do Saber

O que são grânulos?

Sobre processos anaeróbios, em algumas condições há a formação de estruturas constituídas por micro-organismos anaeróbios, os grânulos anaeróbios.

Essas estruturas (aglomerados de diferentes micro-organismos) possibilitam de forma mais eficiente a transferência de nutrientes e favorecem a sobrevivência da comunidade microbiana.

Esses aglomerados de micro-organismos densamente agrupados contribuem para aceleração do processo de digestão anaeróbia, principalmente em lodos de reatores UASB.

Figura 1 -  Frascos reatores para cultivo de lodo granular anaeróbio.

Os grânulos anaeróbios são esferas muito pequenas e possuem uma vasta comunidade de seres vivos. Atuam na decomposição da matéria orgânica e possibilitam reciclagem de nutrientes.

Figura 2 - Frascos reatores com mistura de grânulos anaeróbios (pontos pretos) e substratos (conteúdo mais claro).

Seguindo o conceito sobre “pequenas pérolas com conteúdo adensado” o Portal Energia e Biogás publica uma série de posts “Grânulos do Saber” -  pequenos posts para contribuir com disseminação de informações sobre processo de produção de biogás.

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