Anélio Thomazzoni: "Biogás é a melhor energia. A produção pode ser um bom negócio para o Produtor e para o Brasil"

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Suinocultor, localizado em Vargeão na região Oeste do Estado de Santa Catarina, é um pioneiro na produção de biogás e tem atuado ativamente para difundir o uso do biogás, contribuindo para desenvolvimento do mercado de biogás.

Anélio Thomazzoni: "Biogás é a melhor energia. A produção pode ser um bom negócio para o Produtor e para o Brasil"
Anélio Thomazzoni: produtor rural e pioneiro na produção de biogás
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Hoje vamos destacar a entrevista feita com Anélio Thomazzoni.

A entrevista a seguir foi feita pelo Marco Galhardo,  transmitida ao vivo no dia 17 de nov. de 2020 ,  para o canal "Viver de Energia" no Youtube.

Temos o prazer de compartilhar aqui a matéria elaborada pelo Sr. Renato Moreira, o qual destaca os principipais pontos da entrevista do Anélio Thomazzoni para o Marco Galhardo.

“Biogás é a melhor energia. A produção pode ser um bom negócio para o Produtor e para o Brasil”.

Anélio Thomazzoni

Marco Galhardo, Coordenador do site ‘Viver de Energia’ apresentou Anélio Thomazzoni para uma liveuma entrevista ao vivopropondo que ele revelasse suas experiências com a produção de Biogás. E o fez como ele é: um empresário moderno, um agropecuarista inquieto, contestador, que acreditou nas inovações e foi bem sucedido na implantação do Biogás e, mais recentemente na Geração Solar - na sua propriedade em Vargeão, onde reside, no Meio-Oeste de Santa Catarina. A ideia: ouvir as experiências do suinocultor, avaliando as ‘armadilhas’ do processo de aproveitamento dos resíduos da suinocultura e definindo ‘como ganhar dinheiro’ com o Biogás’.

A maior dificuldade do pequeno produtor de energias livres, sustentáveis, segundo Thomazzoni “é a carência, a dificuldade de obter Informação verdadeira, útil para este produtor.” Na verdade, uma falta de Conhecimento Tecnológico de quem se anima a ‘dar uma solução para os resíduos da criação de animais’.

                                 

Começando devagar, experimentando, testando...

Anélio Thomazzoni, começou com poucas matrizes e poucos suínos. E foi experimentando o desenvolvimento da sua produção inicial de Biogás, atendendo às características da sua propriedade, o clima da região. E observando, testando. Hoje, quer que “os novos produtores de energias limpas tomem conhecimento dos resultados alcançados no trabalho com as soluções, livrando-se de algumas experiências de interesse exclusivamente comercial”. Galhardo, o entrevistador, relembrou a importância da rentabilidade de cada tecnologia, reafirmando que “de nada vale gastar, gastar, construir, sem observar os rendimentos de cada uma das ações, “é fundamental o Planejamento Técnico, para evitar gastos precipitados, que não proporcionam os resultados esperados”.

“Ganhar dinheiro - é difícil alguém ensinar...”

Anélio começou brincando sobre o tema central da sua entrevista ao vivo: fugir das armadilhas e ganhar dinheiro com o Biogás. “Ganhar dinheiro, é difícil alguém ‘ensinar’ ”, assinalou o empreendedor:  “Não sei se eu revelaria... porque ganhar dinheiro no Brasil, hoje é bem difícil”... E prosseguiu: “Trabalho com suinocultura há 40 anos e entrei no Biogás desde 2015, quando começaram os projetos no Estado. A ideia de então era utilizar o Crédito de Carbono. “E fundamental o Planejamento Técnico, para evitar gastos precipitados, que não proporcionam os resultados esperados. O primeiro gerador nós ligamos em 2015, o primeiro de Santa Catarina, dentro da lei da ‘Geração Distribuída de Energia’. “Era um equipamento de 120 Kwa/hora, fabricado pela MWM. Tivemos sucesso com ele, que está produzindo até hoje; já se pagou, deu uma renda excelente, aprendendo muito com este equipamento” garante o suinocultor Anélio Thomazzoni.

Objetivo é “Compartilhar Informação” útil, garante Anélio.

“O nosso objetivo, hoje, é compartilhar o que aprendemos com os novos interessados. Nosso interesse, penso que deve ser o seu, também, é apoiar os que estão chegando para se juntar a esta cadeia do Biogás. O Brasil tem um potencial enorme, temos, ainda, 90% para ser feito, ao contrário da Alemanha, do Japão, por exemplo. Anélio explica que tem 4 biodigestores, que são os mesmos, iniciais - com a diferença que instalou sistema de agitação e tem diferenças no sistema de manejo. “Havia uma ideia de que bastava implantar os biodigestores e os dejetos entrariam e sairiam e não precisaria fazer mais nada... Mas não”, diz Anélio. A receita que foi passada para os produtores não era realidade! Galhardo lembra que, “não dá para pensar que, depois, a energia paga tudo...Fundamental é ter um custo baixo!...Observa que, às vezes, o produtor se entusiasma e vai comprando, gastando, sem nenhuma consulta, sem perguntar aos mais experientes...”

“Biogás é muito bom, mas não faz milagres...”

Anélio continua respondendo que “o biogás é muito bom, mas não faz nenhum milagre !... “É perfeitamente possível implantar um bom biodigestor a custos mais reduzidos. Um biodigestor de 12 por 50 metros tem uma variação muito grande nos custos. Fazendo uma avaliação em três empresas, a variação é muito alta...” E, ressalva a sua ‘aparente crítica’: “O meu objetivo é defender os produtores, que são os empreendedores, que melhoram o ambiente, fazem os investimentos em momentos difíceis, como agora, que está faltando água em toda parte, a gente consegue superar isto, produzindo energia limpa, inclusive nos horários de picos, á noite, contribuindo com o país...” E reafirma: “Nosso propósito é trabalhar, sim, com os comerciantes desses equipamentos...” Para Anélio, as empresas precisam se manter no setor - saudáveis, firmes, obtendo lucros, sobrevivendo – mas sem a ‘exploração selvagem’ que algumas pretendem, jogando com o desconhecimento do seu público, extrapolando preços de forma exagerada, assustadora...

“O Biodigestor não é tão difícil de fazer...”

A pergunta seguinte é óbvia: “Como se faz um biodigestor de baixo custo ?”... A resposta é simples: “O Biodigestor não é tão difícil de ser feito. O primeiro passo do produtor é procurar INFORMAÇÃO DE COMO FAZER. Entrar nos meios de informação que hoje estão disponíveis, monitorando-se (absorvendo, perguntando, anotando, copiando, pensamos - na Redação) ao máximo de Conhecimentos. AÍ, PROJETAR ESTE BIO DEPOIS DE LEVANTAR PREÇOS E FAZER CONTATOS, tentando comunicar-se com o pessoal técnico, como a Embrapa, no caso a Embrapa Suínos e Aves ou com o Grupo Whatssapp, liderado/coordenado pelo Anélio Thomazzoni...

“Custos tem variações de até 50% !”

Os custos dos equipamentos para Biodigestão tem variações de 50% no mercado. “Por isso tem que ter cautela na hora de fazer os investimentos”, lembrou o apresentador da live. Marcos Galhardo, que tem uma longa experiência na área de Energias Limpas, sugere que a primeira ‘armadilha’ é o próprio biodigestor e o grupo de equipamentos; e o Anélio concorda: “o primeiro desafio é selecionar o equipamento, levantando custos, orçamentos; e buscando informação em áreas sérias e responsáveis.”

Não é só os dejetos, tem a Tecnologia de Manejo...

Tem mais informação de utilidade prática: Anélio lembra de produtores que implantaram um biodigestor – “mas nunca fizeram manutenções, ajustes, adaptações; e o seu equipamento, em três ou quatro anos, sofreu acentuadas quedas de produção - porque foi subdimensionado. O processo é viável, mesmo com pequenos plantéis, mas precisa ser planejado adequadamente. Um rebanho de 3.000 suínos tem um bom potencial para produzir biogás.” As ‘vendedoras’ estimulam e impulsionam a decisão do produtor. Anélio avalia: “Este ‘pontapé’ inicial das empresas é bom.”

Mas, em seguida, tem que vir o planejamento. “Com 3 mil suínos, dá para aproveitar este potencial e gerar biogás. Mas o potencial tem que ser explorado por completo. Você precisa ter um bom manejo, bom aquecimento dos dejetos (a matéria prima), filtros muito bons (ou um sistema que substitua o aquecimento, referido mais adiante) e combustível adequado para colocar no motor...Tem variações. Conforme inverno ou verão, registram-se quedas de produção se não tiver um bom plano de trabalho...” Mas as contas continuam chegando, lembra Galhardo... “Me ligam e dizem: ‘meu motor só trabalha 4 horas por dia’...é porque foi mal planejado, precisa uma reformulação”, assinala Anélio.

“O principal é o biodigestor, limitado pela matéria-prima...”

“O principal é o biodigestor...o segundo passo, o motor e o gerador são limitados, o biodigestor não tem estas limitações. Produzir energia utilizando os resíduos, no Biodigestor, é viável. Não é para você, produtor, se assustar com as nossas falas... Eu mesmo vou estruturar um novo biodigestor no ano que vem e já estou atento a estas questões de preços e diferenças de custos. Tem muito fornecedor com bons critérios, com excelentes intenções. E a energia do biodigestor é a mais barata, a melhor energia, a única que só tem benefícios, nada contra...”

“Selecionar um motor adequado à produção pretendida.”

“Mas, vamos ver a tua experiência, Anélio” - diz Marco Galhardo – “com motor, geradores, equipamentos...” A resposta de Thomazzoni é franca: “Nós temos várias marcas de motores: Scania, MWM, Caterpillar, Volvo...O primeiro passo, depois de projetar o quanto você pode produzir, extremamente  importante é selecionar um motor adequado à produção projetada de gás (conforme a matéria-prima, os resíduos disponíveis). Não adianta comprar um motor maior do que você vai precisar, do que é necessário...Esta é uma armadilha”, assegura Anélio... “As empresas, segundo ele, preferem vender os mais caros...”

“Eu tive experiências com um motor MWM, tive experiência com Scania, acompanhei o funcionamento do motor Caterpillar...Quando se fala numa grande geração, de 1 megawatts, 500 KW acima, vai bem um Caterpillar...Penso que o motor em condições de oferecer resultados concretos é o MWM...Prá mim ele foi mais eficiente, garante Anélio Thomazzoni. Conseguimos, desde a primeira instalação, fazer 22 mil horas, poderíamos ter ido a 30 mil horas. Peguei um motor Scania que, com 5 mil horas eu tive que fazer cinco manutenções ...Sei de produtores que fizeram 12 mil horas com este motor... mas a minha experiência foi esta. Há uma discussão muito grande sobre qualidade do biogás e seria muito longa a nossa conversa sobre este tema...”

“Gostaria que as empresas crescessem neste mercado.”

“O que precisamos” destaca Anélio Thomazzoni: “é um motor que seja rústico, produtivo e tenha uma manutenção barata, que fique localizada perto de você...Nós temos 2 empresas bem conceituadas, que estão no Norte do PR, 1.000 km longe daqui...Ninguém vai fazer manutenção de graça. O ideal é que tivéssemos um esquema de Suporte Técnico em cada Estado ...Um esquema de manutenção simplificada, passando informação mais simples, como, por exemplo, como comprar cabos de velas, limpeza de radiador, limpeza de filtros...Não é uma armadilha ‘fatal’ mas atrapalha...Fica aí a minha indicação...Nós gostaríamos que as empresas crescessem neste mercado, facilitando a sua utilização...” Segundo Anélio, “o mercado de Biogás, no Brasil é bastante promissor, especialmente para quem o encara com seriedade e responsabilidade.”

Agitação dos Resíduos, uma prática “imprescindível” afirma Anélio...

Outra ‘armadilha’, levantada por Marco Galhardo: a questão da ‘agitação’ dentro do Biodigestor. “A agitação hoje é imprescindível”, especifica Anpelio Thomazzoni. “Você constrói um biodigestor e é absolutamente necessária a agitação...É um custo baixo, que o próprio produtor pode resolver...ela pode ser feita com tubulações...Ou pode ser um sistema que já vem pronto, com um motor que faz esta agitação, que melhora muito a produção do Biogás, prolongando a vida útil do biodigestor.  Se não agitar, o material vai sedimentando e tem que fazer limpeza...Não temos, ainda, um equipamento para fazer esta limpeza, na geomembrana, sem danos ao material...Aí tem que comprar uma geomembrana nova e isso não é necessário, poderia durar muito mais tempo,” garante Anélio.

...e a instalação pode ser montada pelo próprio criador...

 “A gente não tem, ainda, um ‘tempo definido’ para que haja assoreamento no biodigestor sem a agitação... Temos aí de 10 a 15 anos até assorear este biodigestor, dependendo de como se faz a agitação, que pode ser feita com um custo barato...O aquecimento, para quem tá no Sul do Brasil, nas regiões mais frias, é realmente fundamental...Se pegarmos os quatro meses mais frios, o aquecimento vai pagar os seus custos com o aumento da produção de Biogás. Tem uma variação de 10 a 30% na produtividade, mas o produtor pode manter a produtividade em até uns 50% a mais” garante Anélio...”Quando o digestato tem a temperatura reduzida, em torno de 20 graus, perde-se muita produtividade...”

E prossegue, relatando suas experiências com o aquecimento dos resíduos dentro do Biodigestor. “Quando a temperatura cai, as bactérias reduzem a produção de gás. Isto é um processo da natureza. Quanto mais próximo de 37 a 40 graus, maior é a produtividade de Biogás...E aí temos mais uma ‘armadilha’...Eu já vi muitas empresas vendendo sistemas de aquecimento e o custo-benefício não tem ainda uma tecnologia que compense, que mostre toda eficiência, como na Alemanha. Aqui, na minha região, tem dois produtores que estão montando; e tem o meu, que foi estruturado por nós mesmos”.  

“Não fazemos análise de dejetos - temos só um tipo de matéria-prima,” diz Anélio.

Marcos Galhardo questiona Anélio Thomazzoni, trazendo  o tema levantado pelo produtor rural Alex. Ele pergunta sobre metodologia de análise dos dejetos. “Os dejetos, responde Anélio, entram no biodigestor 24 horas por dia. Á noite diminui um pouco. Durante o dia, os animais comem mais e vão produzir mais resíduos. A gente já fez análise de dejetos...Eu só uso um tipo de matéria-prima e não há necessidade de fazer análise destes dejetos. Nós temos um cálculo sobre a entrada de água, a gente faz um levantamento quanto se conseguiu durante a semana e aí é um parâmetro. A gente tem uma quantidade de dejetos produzidos por dia, por animal, a Embrapa tem cálculos, há um controle da entrada de água, por semana. O que a gente analisa é o Biogás, para sabermos quanto tem de H2s, quanto tem de Metano... este é um processo que acompanhamos.”

“O aquecimento, no inverno, é imprescindível.”

“Já o aquecimento, na região Sul, é imprescindível, Nos quatro meses de frio, o aquecimento aumenta a produção e se paga...com uma variação de 10 a 30% na quantidade de Biogás. No inverno, o aquecimento eleva a produtividade em 50%. “Tem mais UMA ARMADILHA,AÍ, afirma Anélio: EU JÁ VI INUMERAS EMPRESAS VENDENDO SISTEMAS DE AQUECIMENTO E O OS GANHOS QUE ELE DÁ VÃO NO SEU CUSTO... Não temos, como na Alemanha, equipamentos que resolvam estes problemas de aquecimento...Eu não conheço produtores, na minha região, que tenham sistemas de aquecimento...Tem dois produtores montando e o meu, montado por nós mesmos – com auxílio do Marcos – temos uma eficiência boa. Mas é preciso uma boa discussão para definir um mecanismo adequado para o aquecimento”.

“Aquecimento dos resíduos no biodigestor faz uma enorme diferença”, garante Thomazzoni.

Marcos Galhardo comenta uma opinião de um produtor/telespectador: “O Jhonatan Campagnolo, telespectador e produtor, afirma que ‘o aquecimento não se faz necessário quando você tem um biodigestor grande’. Anélio: ”Faz muita diferença, sim Jhonathan. Você pode fazer a contraprova na sua propriedade. Pegue um termômetro e faça avaliação da temperatura na parte do fundo e na parte da superfície do biodigestor, nos meses de calor e de inverno. A maior produtividade é quando a temperatura estiver próxima de 40 graus. Este é um fator determinante... Quando a temperatura cai de 25 graus, pode ser em qualquer tipo de biodigestor – pequeno médio, grande ou enorme - a temperatura baixa provoca a queda da produção de Biogás. E quando cai a temperatura, cai a produtividade do dejeto, do Digestato lá dentro do Biodigestor. Eu já tive medições de 18, 17 graus, até...e aí a produtividade do Biogás cai mesmo. Se você não conseguir uma temperatura em torno de 30 graus, você perde produtividade”.

Purificação do Biogás, Filtragem: Soluções dos Produtores, Contas a pagar e a Esperança.

Pontos de Destaque da live de Anélio Thomazzoni: As armadilhas. “A primeira está na construção do Biodigestor. A segunda é na Operação do equipamento. Tem toda a estratégia da potência do gerador – e o tipo de motor. A questão da purificação do Biogás - é para tirar o máximo de H2s, para manter a vida útil mais longa do motor”. A questão dos filtros: “Temos no mercado equipamentos eficientes de filtragem. Você gerando 120 KWA, 75 KW /HORA e colocar no projeto mais 100 mil reais para comprar este equipamento e obter 95% a 99% de redução de H20 - tem que avaliar se vale a pena, se paga este custo do equipamento de purificação...”

“O que tem hoje de filtros para o Biogás ?”

“Tem na Internet diversas empresas vendendo equipamentos – e literalmente eu contesto eles:  nenhum foi eficiente, daqueles que eu conheço. Por isto eu contexto estes filtros. Eu faço medição antes de entrar no filtro e faço avaliação depois que sai do filtro...tem filtros com custos de 20 mil reais mas que não tem ainda eficiência que nós esperamos...o sistema de carvão ativado destes filtros é muito pequeno e em 15 dias, ele satura... você  tem um motor de 120,  consumindo, passando 50 a 60 m3 por hora – quantidade de gás que tem que passar por ele - com 20 Kg  de carvão ativado, vai saturar em 15 dias...Tenho cálculos da minha granja e de outros colegas”, afirma Anélio Thomazzoni...

Arranjo na filtragem...

“Vou até citar um pessoal que tem feito muitos testes, é o pessoal de Entre Rios ...Eles têm feito modificações nestes filtros, tem colocado 100 quilos de carvão ativado, alcançando uma boa eficiência, melhorando muito e aí precisa outro tamanho de filtro, outro custo, que precisa entrar no Projeto...Então o que eu acho é que os filtros são realmente subdimensionados, eles não são eficientes, precisaríamos filtros mais eficientes,  para ter um Biogás melhor, com menos H2S.

Contas e contas a pagar e...a Esperança!...

“Acho que o mercado tem que melhorar isto, as empresa fabricantes/vendedoras de filtros precisam rever este dimensionamento dos filtros e reformular, eles tem estrutura para fazer as modificações – e ficar dentro de custos suportáveis - porque senão nós ficaremos produzindo biogás, comprando insumos e pagando contas, comprando insumo, pagando contas e contas... Mas o produtor se acostumou com esta questão, ele está acostumado com problemas de safra,  recebendo menos pelo que produz, ele vive sempre na esperança de que a próxima safra, a produção do próximo lote de suínos, de aves, a produção de leite,  vão ser melhores - nesta esperança incansável, que é a base desse nosso Agro, que é mérito dele – que está de pé por conta dos produtores, incansáveis,  que trabalham dias e noites,  fazendo horas extras e não recebem de ninguém...mas não é todo mundo que quer isso...tanto é que e as cidades vão ficando cada vez mais cheias de gente que desistiu de lutar...Esta questão dos filtros tem que melhorar, eu acredito que vai melhorar...”

Oxigênio nos biodigestores: custo quase Zero!

“Nestes dias, Anélio”, argumenta Marco Galhardo, “estávamos falando sobre a durabilidade dos motores: sei que este é um tema polêmico, mas queremos a tua experiência...Eu não estou recomendando que tenha ou não tratamento de gás, mas é preciso abordar esta possível armadilha...qual a sua experiência com motores MWM com tratamento de Biogás...Qual a sua opinião ?” Anélio responde: “Quando eu iniciei em 2015 minhas atividades de Biogás, nem existia filtro...o gás saía do biodigestor e ía, com 4.000 ppm de h2s, 5.000, e até 8.000 PPS de H2s, pouco se media, porque não havia equipamentos...ia pro motor, que absorvia isso...”

“Na minha experiência eu fiz 22.000 horas, podia ter feito mais...a segunda vez foram 34.000 horas, podia, também ter feito mais, mas não deu... foi uma armadilha, a gente acabou pisando na bola...hoje este motor já está com mãos de 40 mil horas e agora, quando a gente comprou estes últimos filtros e quando começamos a introduzir oxigênio nos biodigestores, que é uma coisa que não mencionamos ainda, uma coisa mais barata, perto de - zero, zero, virgula 2% (00,2) do projeto e que tem a maior eficiência na redução do H2S do biogás...notamos que o próprio óleo se mantém melhor, podendo reduzir os  efeitos negativos nos motores, entre os quais, os desgastes dos cabos e das velas, a manutenção em geral caindo lá embaixo...”

De 80 mil - por 30/40 mil reais...

“Eu acho que a questão de filtros pode melhorar mais...não estou dizendo que é para tirar os filtros, dá para produzir, dependendo da quantidade de H2s, mas dá para melhorar muito, pegar um MWM e produzir...Precisamos compartilhar estas informações, tem gente que fez 26/28 mil horas, que tem motor MWM 2016, 2017 e vai produzindo...Não é uma possibilidade ‘genial’, mas dá para produzir...de um modo geral há uma objetivo: vender, vender, vender....tenho checado estas situações no mercado, com produtores que acabaram pagando 80 mil reais num equipamento....Isto vai encarecer o projeto destes produtores...Este filtro não pode passar de 30.000 reais prá um motor de até 150 KWA, até porque, com a eficiência destes filtros de 80 mil reais tem filtros de 30 ou 40 mil reais”.

“Eficiente...prá eles...não para o Produtor!”

“Agora tem um sistema de uma empresa, que é a “Vita...” (Linha “Vita,” da Dreyer & Bosse Krafwerke GmbH - DB 2014b)... Não ganho comissão prá vender o equipamento deles, mas sei que o equipamento deles é eficiente... Mas contesto ele, lembrando que o custo é eficiente prá eles, mas não é eficiente para o produtor...(Pergunta do Marcos) :Quanto você gastou prá implantar estas modificações nos teus 7 biodigestores, a entrada e o controle do oxigênio ? (Anélio): “Nos 7 biodigestores, uns 2 mil reais....Se fosse colocar filtros, ia lá em cima...E eu saí de 8.000 PPS prá 1.000 PPS; os que eram 4 a 5 mil, eu reduzi prá 700, prá 500...  E até prá menos de 500...”

A Informação (salvadora!) que não alcança o Produtor.

Esta é uma informação que o produtor não recebe, ele não tem acesso à esta informação. Porque não tem uma empresa que venda equipamento prá você colocar água lá dentro???? É possível fazer com 500 reais por biodigestor ”... Marcos comenta que “é preciso priorizar uma Educação, obter as informações necessárias, não pode sair gastando...” Anélio responde:  “Eu acho que esta é a chave da geração do negócio, qualquer que seja. Eu sei que é difícil para o produtor buscar informação, porque ele tá longe e está sempre trabalhando...E as informações são quase que diárias...

Hoje tem a Internet, que informa muito, tem a Embrapa, tem revistas, tem o Marcos em São Paulo, (Site Viver de Energia), tem o nosso Grupo de Whattsapp, são dois grupos com 400 pessoas compartilhando informações; eu imagino que temos 80% das cabeças pensantes do Biogás neste grupo, gente que dá informação de graça...Basta fazer a pergunta que tem a resposta, porque são os “heróis do Biogás”, o pessoal do ‘amor a camisa’...Tem que procurar esta informação...e aí começar o projeto dele...”

Uma Associação de Pequenos Produtores de Biogás...

“O que que o produtor pode fazer, o que ele DEVE FAZER, prá começar o negócio dele? Ele tem que compartilhar a informação sobre o que ele pretende fazer”...O nosso ideal, Marcos, é a gente tivesse uma Associação do Biogás....Marcos: “uma Associação de Produtores de Biogás, não é, Anélio?” E o Anélio responde, com toda espontaneidade: “É o que eu ia colocar, Marcos...A gente tem a ABIOGÁS, (Associação Brasileira de Biogás e Biometano, localizada em São Paulo), uma excelente Associação - com a participação de produtores que já tem um certo volume de biogás, que ainda não atende os Pequenos Produtores, mas são pessoas que já se colocaram à disposição - até para fazer, em conjunto, uma forma de atender os Pequenos Produtores...”

“Queremos mapear os produtores, Estado por Estado”

Anélio prossegue: “Nós temos (e a ABIOGÁS certamente também deve ter...) dificuldades de chegar nos Pequenos Produtores de Biogás, atingindo os que querem começar um projeto de produção de Biogás - porque eles não estão vivendo próximos ao mercado, não tem acesso às informações mais importantes. Então, ele está fora...E aqui eu quero fazer uma colocação: eu reprovo muito as empresas que  vendem os equipamentos atuam no mercado...eu até concordo que eles tem que manter reservado quem é o cliente, que é um cliente deles; mas elas tem que colocar este cliente dentro de algum grupo - para que as pessoas possam receber mais informações...Esta é uma dificuldade, pois a gente faz este trabalho voluntariamente a nível de Brasil e poderíamos ter um número maior de pessoas envolvidas...Você mesmo, Marcos, faz este trabalho também voluntario... Nós já tentamos mapear os produtores, Estado por Estado, não fizemos mais porque nos falta tempo, a gente tem, afinal, os nossos afazeres.”

O que faria uma Associação de Pequenos Produtores de Biogás?

Anélio Thomazzoni: “Voltando na ideia de uma Associação - ela poderia ter pessoas lá dentro que passariam informações, que pudessem montar uma Central de Compras, para equipamentos de manutenção, como exemplo, velas, que tem um consumo quase que semanal...`Poderia se fazer era repassar informações sobre materiais, custos, informar que tal revendedor tem a tal custo...na Internet você tem o Mercado Pago, o Ali Baba, Casas Bahia, Pão de Açúcar; eles põem lá o preço deles. Acho que a gente poderia era fazer este tipo de coisa, divulgar o quanto a gente tá pagando pelo que precisamos comprar. Poderíamos coloca à disposição estas listagens de preços destes equipamentos e materiais, e melhoraria o nível de informação e conhecimento dos produtores. A gente pensou chegar, em um ano a uns 1.000 integrantes do nosso Grupo... mas por enquanto ainda não deu...porque somos todos voluntários...”

Uma WebRádioTV Biogás – e um Canal no Youtube!

Anélio Thomazzoni: “Estamos tentando criar um mecanismo, temos uma pessoa que está ajudando a criar um sistema de Informação, mas temos que estruturar uma forma de remuneração desta pessoa e cobrir os custos de implantação...A ideia é criar uma WebRádio do Biogás – (e um Canal no Youtube) que propõe que o produtor ligue e faça a sua pergunta, colocando suas dúvidas; e um consultor, uma pessoa treinada, que faz a manutenção do Biodigestor, manutenção do gerador, do motor, que pudesse responder, passar a informação, não apenas para quem perguntou mas para muitos outros interessados, uma informação que poderia ser gravada...O que falta ao produtor, eu tenho certeza disso, é a informação, que é a parte mais importante do negócio dele...e esta informação, que é a coisa mais importante, nós temos que buscar, com todo o grupo e viabilizar o processo.” Marcos esclarece que tem um curso sobre Biogás, de baixo custo, para atender as necessidades básicas de informação para produtores, que está à disposição, pra ajudar a tirar o produtor daquela situação de não conseguir fazer o seu projeto decolar, passando a ter problemas, especialmente financeiros...

Motor adaptado ou ‘de fábrica’ para Biogás?

Nova pergunta: Marcos – “O amigo e produtor Jhonatan quer saber se o seu motor é adaptado ou é ‘de fábrica, para Biogás’...” Resposta do Anélio: “Os motores são adaptados...não temos, ainda, motores próprios para Biogás. A Scania prometeu que vai colocar um motor no mercado, próprio para biogás.” Marcos: “O Rogério, do Paraná, que tem um projeto de 75 KW/hora, quer saber com quantas horas você troca o óleo do motor, se você utiliza algum condicionador do óleo, tipo Metalfax ou Biotec”...Anélio responde: “A gente está procurando trocar a cada 250 horas/300 horas...e nestes dias foi comprado um óleo que pode ser trocado com 500 horas. Não temos, ainda, experiência com este óleo...”

“Quanto a condicionadores”, alerta Anélio “não utilizo porque troco o óleo a cada 250 horas...Ele já teve um custo alto e eu acho que ele poderia ir mais um pouco. Tem gente que já trabalhou com este óleo e a viscosidade dele poderia ser trabalhada mais um tempo. Mas a recomendação é 250 horas e nós trabalhamos estas 250 horas. Acho que tem muito a ver com o H2S do Biogás. Se você tiver abaixo de 200 você pode ganhar algumas horas e se você tiver a 4.000 ou 8.000, como eu tinha, é bom trocar este óleo com 250 horas”.

Energia Solar, uma outra alternativa para completar...

Recentemente, Anélio, você implantou um Projeto Solar. Ele, na planilha, é um projeto de menor custo. Mas, na hora da aplicação, não parece ser muito assim. Gostaria de falar um pouco sobre Energia Solar no campo. Qual a sua experiência com o Projeto Solar?  “O Projeto Solar é um bom projeto, menos rentável que o Biogás, com menos manutenção, mas tem ‘armadilhas’. As placas solares são projetadas considerando que o sol do meio-dia é o mesmo das 8 horas da manhã. E quando tem uma nuvem, quando é quatro ou cinco horas e eles utilizam como parâmetro o sol das 11 às 13 horas, neste horário, a produção é excelente. Agora, quando você não tem o sol do meio-dia, quando chegar o inverno, a produção vai cair. E aí vai faltar dinheiro prá pagar o projeto. Ele é viável, é muito viável, com um financiamento um pouco mais adequado, diferente do que se ouve por aí, prazos de três a quatro anos, conforme se fala por aí, no mercado. Vai depender, também do tipo de energia que você vai consumir. Na área rural a energia é um preço, em casa é diferente, no comércio e na indústria são outros custos. Estas variações são bem consideráveis...”

Geração Híbrida – solução de integração de sistemas.

“O que é o ‘ponto bom’ que percebo na Energia Solar...Primeiro, a manutenção é ‘baixa’ e segundo é se você tiver, na propriedade, um consumo de um certo volume de energia. Se você passa dos 120 kW, 75 kW (capacidade instalada) e você entra na ‘demanda’; você contrata uma ‘demanda’ com um custo fixo,  mas pode reduzir o teu custo, colocando a ‘geração híbrida’ - que é uma coisa que está se falando muito no Brasil - ela tinha uma restrição por parte das concessionárias de energia elétrica, mas hoje elas, as concessionárias, entenderam que o Biogás estabiliza a produção de energia no campo, principalmente, porque o produtor de biogás não está na fonte, onde se produz a energia; ele está onde a geração é mais frágil, e lá, injetando em vários pontos, uniformiza o sistema, tornando a rede de transmissão mais compatível, porque você não tá jogando uma grande quantidade, como uma rede necessita, inclusive num cabo de transmissão que suporte grande quantidade de kilowatts.”

“Um grande negócio a nível de Brasil.”

Então esta ‘geração híbrida’ é que é interessante para o negócio, “ porque começa a gerar energia no horário de pico, ganhando um pouco mais, gerando das seis e meia à nove e meia, diluindo esta demanda - porque  durante o dia, quando o teu solar atingir a demanda, teu relê de proteção não permitirá que você ultrapasse a tua demanda; e você economiza o teu Biogás, que você produz à noite. Eu vejo um grande negócio a nível de Brasil”, prossegue Anélio. “Só tem vantagem para todos: prá quem consome, prá quem produz, prá quem precisa da energia, para as distribuidoras. Então eu acho que a minha experiência e viável; mas a armadilha está nas placas, vendidas umas a 500 reais e as mesmas placas vendidas a 1.000 reais! É um segmento que tem muita necessidade de informação verdadeira, séria. Mas eu considero muito mais fácil trabalhar na área do Biogás...”

Cabo, de 12,00 reais o metro - por 2,49 centavos !...

“É um negócio muito novo no Brasil, onde falta muita informação e muito conhecimento. Mas não é impossível pra quem vai comprar esta geração solar, por que tem organizações que dispõe de informação adequada. Mas, eu vi um cabo que faz a ligação dos módulos solares sendo comercializado a R$ 12,00 reais o metro e o mesmo metro a R$3,49 o metro! Produzir, produz. Mas tem o dia que o tempo vai ficar sob neblina, nublado e isto vai derrubar 80% da produção de energia, (necessitando de baterias para acumulação). Se ficar assim, três dias nublados, você já não tem 30 dias, apenas 27... Mas o teu custo é de 30 dias, você tem que pagar 30 dias...Claro, o projeto será sempre mais rentável que a poupança...Muitas empresas se instalaram no Brasil, no início do negócio e tiveram muitos problemas, algumas recuando dos planos inicias, outras que já quebraram...É importante que se tenha os cuidados com as empresas e os negócios, porque quando for necessário fazer alguma correção, a empresa não pode ter desaparecido. O Brasil tem que aproveitar a grande quantidade de sol disponível – e quem não tem resíduos animais, ou lixo urbano para produzir Biogás, pode buscar a usa Energia Livre, no sol...”

Biometano – o próximo negócio do Biogás.

“Sobre o Biometano, avança Anélio “já busquei informações, tenho interesse. Não encontramos um projeto eficiente. Estava no mercado um equipamento, que se pode adquirir a um custo acessível e começar a produzir este biometano; poderia ser colocado em automóveis rodando mas granja, ou próximo da granja, não indo para muito distante, embora o Brasil já tenha algumas redes de abastecimento; e eu não tenho biogás sobrando, o meu biogás está 100% para a geração de energia...Eu estou com este projeto montado mas não teria porque assumir mais um custo, de produzir o Biometano prá colocar em alguns automóveis”.

CO2, derivado do Biogás – outro Negócio Extraordinário.

“Quanto ao CO2 eu acho um passo importante, comecei buscar informação, o CO2 é um pouquinho mais difícil, nós temos pouca experiência aqui no Brasil, o CO2 não tem pequenos projetos, ele é viável em grandes projetos, prá viabilizar em grandes projetos” considera Thomazzoni. “ Eu tenho um parceiro no Paraná, já realizamos pesquisa de custos do equipamento que separaria o CO2 e teria que importar da Europa ou do Japão – mas que é um produto que o produtor tem sem custos, está junto com no Biogás, junto com o Metano, estamos queimando o CO2, não é explosivo, se retirar o motor até agradece...”

Anélio Thomazzoni prossegue falando do processamento do Biogás: “Tem várias formas de utilizar o CO2, como extintores, fábricas de alimentos, massas, biscoitos, os frigoríficos o utilizam no abate de frangos, nas indústrias de equipamentos bélicos e nas indústrias de refrigerantes. Claro que o C02 oriundo dos resíduos da suinocultura, avicultura e bovinos precisa ser purificado à 99.9%. Infelizmente no Brasil temos poucas empresas que dominam este mercado...Os atravessadores se propunham a pagar muito pouco, mas, com certeza, vendem por muito mais”...

 

Matéria elaborada por Renato Moreira

Serviço de Imprensa dos Produtores Independentes de Energias Livres

Chapecó - SC

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