Suinocultura: A Bola da Vez da Energia

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No artigo, Dr. Fábio Soares destaca que a produção de energias renováveis provenientes da suinocultura brasileira está em retomada, mas requer uma restruturação e inovação por meio de esforços conjuntos entre produtores, governo, sociedade, iniciativa privada e universidades, para torná-la mais rentável e sustentável.

Suinocultura: A Bola da Vez da Energia
Foto: Granja de suínos. Divulgação: Canva.com (Conta PRO)
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Colunista
Horizontes do Biogás, por Fábio Soares

Suinocultura: a Bola da Vez da Energia

A transição energética pode impulsionar a sustentabilidade na suinocultura brasileira.

Fábio Soares | Colunista do Portal Energia e Biogás — Estamos vivendo uma corrente contínua denominada Transição Energética que está cada vez mais estimulando e incentivando as preocupações com a Sustentabilidade de nosso Planeta. Isto cada vez mais empurra toda a sociedade, poder público e iniciativa privada a tomar ações e implementar projetos e atividades que estimulem a utilização de fontes de energia cada vez mais renováveis para a substituição de variadas formas de energia fósseis, não com a intenção de sua substituição total, pois sabemos que ainda isso é impossível, devido ao preço e disponibilidade de fontes de energia fósseis serem ainda mais baratas e ainda abastecerem o mundo de forma a atender grande parte da demanda ainda em curso.

Dessa forma, as fontes de energia renováveis embora se encontrem com suas tecnologias de produção num estágio bastante desenvolvido não podem atender toda a demanda e, portanto, ainda são em grande parte economicamente inviáveis e precisam de incentivos e subsídios para torná-las mais competitivas. Temos visto avanços significativos em vários segmentos da matriz energética no mundo e não poderia ser diferente no Brasil, como por exemplo com a utilização crescente da energia eólica, solar e biomassa principalmente.

Diga-se de passagem, que nosso país se destaca nessa área de utilização de energias renováveis posicionando-se em primeiro plano. Neste segmento, temos que evidenciar que existe uma grande oportunidade no setor da suinocultura brasileira que abre (ou reabre) portas para a utilização de seus resíduos de produção para produzir energia elétrica, energia térmica e combustível, aparentemente com novo ânimo e motivação, sendo uma oportunidade única de solucionar problemas ambientais com o descarte de seus resíduos e ainda gerar lucros com a produção de formas de energia que podem substituir aquelas adquiridas no abastecimento publico ou privado.

Isto gera mais confiabilidade e continuidade de abastecimento assim como contribui para redução de custos de produção e certamente otimizando os negócios do setor. Essa corrente não é recente. Houve no passado não muito remoto uma corrente bastante expressiva utilizando esses conceitos e pode ser lembrada como sendo a época de uma grande explosão na implementação de biodigestores para a produção de Biogás e seus derivados nas unidades rurais motivada pela oportunidade de comercialização dos créditos de carbono.

No entanto a forte crise que abalou este mercado com a queda de valor dos créditos, acabou por trazer uma crise geral, acarretando desinteresse pelos produtores e interrupção das medidas pertinentes ao monitoramento das operações e dos processos de produção, considerados requisitos básicos para a comercialização dos créditos, o que acabou por causar um impacto significativo e prejuízos consideráveis para o setor na época. Também é importante destacar que na onda de projetos de biogás desenvolvidos entre os anos 2000 e 2010, a maioria focava apenas na emissão de créditos da carbono e não possuia nenhuma forma de recuperação da energia do biogás.

Muitas operações foram afetadas e uma grande oportunidade foi deixada de lado pela desmotivação dos produtores de investir nessa área o que causou uma ruptura nessa corrente de desenvolvimento. Entre outros pontos de insucesso foram relatados na obra de KUNZ & OLIVEIRA (2006). O segmento se fragmentou e desestruturou-se totalmente, fazendo com que as possibilidades de ações conjuntas e ações do tipo cooperativismo fossem deixadas de lado.

Imagem editada a partir da foto: Biodigestores na Granja São Pedro Colombari, no Paraná - Foto Marcos Labanca/Divulgação CIBiogás

Felizmente, este cenário tem se mostrado com uma reversão e retomada com uma preocupação cada vez maior com os crescentes movimentos em direção a Sustentabilidade, o que tem motivado o setor da suinocultura a rever as oportunidades e buscar uma restruturação do setor com os esforços necessários a fortalecer o setor e trazer este negocio que representa percentual extremamente significativo para a economia brasileira e dessa forma tem despertado nos diversos stakeholders do setor a investirem utilizando tecnologias mais modernas para a produção de biogás, seus derivados como o digestato que é o seu principal sub produto de extrema utilidade nas lavouras usado como fertilizante e pode substituir grandes volumes de importação desse insumo da Rússia, principal fornecedor.

Outras vantagens também podem ser vislumbradas como a produção de biometano que pode ser utilizado e substituir combustível como o Gás Natural, para diversos usos como nos transportes, como matéria prima para a produção de energia elétrica e térmica, entre outras formas de energia.

Outras opções também são possíveis a partir do Biogás, como por exemplo a produção de Hidrogênio Verde (H2), Dióxido de carbono (CO2) para aplicação industrial e Amônia (NH3), trazendo assim um leque de oportunidades, que bem projetados e operados, trazem vários benefícios e vantagens sobre outras formas de obtenção de energia.

Têm-se observado um grande movimento nesta direção, com grande interesse por desenvolver o setor de forma a criar as colunas de sustentação para a reestruturação do setor, o que viabiliza investimentos e portanto resultados de grande significância para este importante setor da economia que merece a atenção adequada e organização, tanto do ponto de vista dos produtores quanto da participação ativa do poder público e privado unindo-se para estruturar o setor e conduzi-lo a um estágio mais competitivo e fazendo com que este tenha a representatividade e importância que merece, tanto do ponto de vista econômico, social e ambiental.

Sistrates - Sistema de Tratamento de Dejetos Suínos - Foto: GOMES FILHO, Júlio. Divulgação: Embrapa

A produção de energias renováveis provenientes do negócio da suinocultura brasileira se encontra num estágio de retomada de crescimento com relação a produção de Biogás, fertilizantes e entre outros produtos do processo de digestão anaeróbia, porem carece de uma restruturação e inovação o que somente se consegue com esforços conjuntos entre produtores, governo, sociedade, iniciativa privada e universidades, pois estes stakeholders em conjunto podem estabelecer e atender as diversas formas de contribuição e participação necessárias para o desenvolvimento do setor e organizar o segmento estabelecendo meios de torna-lo mais rentável e sustentável, como sendo um dos setores da economia mais representativos do nosso país.

Felizmente, já podemos identificar os movimentos necessários nessa direção e que certamente renderão excelentes frutos para todos os envolvidos neste ramo de atividade, para a economia e para estabelecer a continuidade do desenvolvimento sustentável brasileiro.

Referências Consultadas

A coluna Horizontes do Biogás aborda questões importantes relacionadas com a gestão dos nossos resíduos para uma transição energética de baixo carbono.

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Autor: Fábio Soares    Publicado em: 27 de junho de 2023.

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