Projeto BIOMETHAVERSE visa impulsionar a produção de biometano na Europa

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BIOMETHAVERSE é um ambicioso projeto de 5 anos que visa diversificar a base tecnológica para a produção de biometano na Europa, aumentar sua relação custo-benefício e contribuir para a adoção de tecnologias de biometano.

Projeto BIOMETHAVERSE visa impulsionar a produção de biometano na Europa
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Colunista
Biogás sem Fronteiras, por Crislaine Florzino Flor

Projeto BIOMETHAVERSE visa impulsionar a produção de biometano na Europa

Um ambicioso projeto chamado BIOMETHAVERSE, envolvendo cinco países europeus - França, Grécia, Itália, Suécia e Ucrânia, pretende aumentar o potencial de produção de biometano na Europa.

Crislaine Florzino Flor | Colunista do Portal Energia e Biogás — O biometano é um substituto renovável e ambientalmente sustentável do gás natural (GN), capaz de fornecer capacidade de armazenamento de energia e funcionar como combustível. Como tal, o biometano está bem posicionado para contribuir para a execução dos objetivos do desenvolvimento sustentável e da segurança energética.

Figura 1: Homepage do projeto - biomethaverse.eu.

O projeto, financiado pela União Europeia e executado por 22 empresas parceiras, tem por objetivo aumentar o potencial de produção de biometano do bloco europeu em 66%, bem como criar, aproximadamente, 300 mil novos postos de trabalho em seus países membros até 2030. Além disso, o projeto pretende evitar até 113 Mt de CO2 equivalentes em emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e reduzir os custos de produção de biometano na UE em até 44%.

A Associação Europeia de Biogás (EBA) atuará no projeto e irá dedicar-se a acelerar as potenciais inovações para permitir sua replicabilidade, à rápida inserção das tecnologias no mercado e a informar políticas públicas sobre a produção e gestão de biogás nos países envolvidos.

Estão em andamento as preparações de Unidades de Demonstração (UDs) nos cinco países envolvidos com o projeto BIOMETHAVERSE. Por exemplo, uma equipe do projeto se reuniu em março para organizar uma demonstração na fábrica da empresa ENGIE BIOZ (ENGIE Lab Crigen - Brasil | Laboratórios de pesquisa | ENGIE), no município de Eppeville, no norte da França. Como um primeiro passo importante, a empresa analisou as propriedades da biomassa existente que será usada para a produção de biometano. Vindo diretamente da fábrica de Eppeville, os resíduos estão sendo analisados em laboratório pela associação de indústrias LEITAT (Leitat Technological Center – Managing Technologies), responsável pelo projeto e pela otimização do sistema de digestor anaeróbio. Paralelamente, outra parceria entre as empresas do projeto BIOMETHAVERSE investiga os eletrodos do reator que melhor atendem a todos os critérios econômicos, de eficiência e qualidade do projeto. A parceira realiza estudos semelhantes para desenvolver o sistema de digestor anaeróbio de duas câmaras, que serão adotadas para a conversão do biogás produzido em biometano.

Dentre as cinco UDs (Unidades de Demonstração) do projeto, está a ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) de Bresso-Niguarda, localizada no distrito de Niguarda em Milão, no norte da Itália. O biogás produzido no local através da digestão anaeróbia é convertido em biometano e enviado para a rede de distribuição de gás natural. A ETAR produz atualmente cerca de 90 m³/h de biometano.

O upgrade na UD será a aplicação de ozonização nas lamas de depuração, aumentando a sua produtividade de biogás em 20%. O objetivo do tratamento de lodo usando ozônio é aumentar a biodegradabilidade anaeróbia do substrato e sua capacidade de produzir biogás, reduzindo o digestato a ser descartado. Na literatura científica, diversas experiências estão relatando a aplicação dessa tecnologia em escala laboratorial e piloto, mostrando efeitos significativamente positivos na digestão anaeróbia. O método representa uma tecnologia promissora e em rápida evolução, em termos de configurações de reatores e intensidade volumétrica do processo. Os principais aspectos são a eficiência da transferência de gás e a resposta dinâmica à carga variável e até nula de H2. Sendo assim, está prevista uma redução do custo de produção de biometano em 44%.
 

Figura 2: Fluxograma do processo da Unidade de Demonstração na Itália.

A UD em Eppeville, por sua vez, localizada na França, produz biogás a partir de 30 mil toneladas ao ano de resíduos agroindustriais.

A planta tem um volume de digestão de 6 mil m3, com um tempo de retenção hidráulica (TRH) no biodigestor superior a 50 dias. O digestato é valorizado e utilizado nas lavouras em  seis mil hectares de 31 fazendas.

O projeto visa converter o CO2 do biogás em biometano, aumentando a produtividade em até 20% e, com isso, evitando a necessidade de atualização convencional para atingir as especificações do biometano (potencialmente atingindo uma concentração de 96% de CH4).

Figura 3: Fluxograma do processo da Unidade de Demonstração do projeto na França.


Referências consultadas



A coluna Biogás Sem Fronteiras é apoiada pelo Projeto GEF Biogás Brasil. Este artigo independente não reflete, necessariamente, a opinião do projeto.

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Autora: Crislaine Flor    Publicado em: 10 de maio de 2023.

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