Geração de Biogás e Biometano em Unidades da JBS nos EUA
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Em entrevista exclusiva, Marcelo Dresch, da JBS, revela inovações no biogás nos EUA e destaca a liderança do Brasil em tecnologia. Confira a experiência internacional, desafios e oportunidades para a sustentabilidade.
Experiência Internacional | Marcelo Dresch
Em entrevista exclusiva ao Portal Energia e Biogás, o Gerente Executivo de Meio Ambiente da JBS, Marcelo Dresch, compartilha experiências sobre a geração de Biogás e Biometano em Unidades nos EUA.
por Crislaine Flor,
Marcelo Luis Dresch, Gerente Executivo de Meio Ambiente da JBS, concedeu uma entrevista ao Portal Energia e Biogás, onde destacou inovações tecnológicas observadas durante sua imersão nas unidades da empresa nos Estados Unidos, em agosto de 2024. Durante sua estadia, ele enfatizou as diferenças na infraestrutura, que se caracteriza por foco na segurança da planta e na robustez. No entanto, Marcelo ressaltou que o Brasil se destaca em termos de tecnologia na produção de biogás, especialmente com o uso de sistemas de recirculação de lodo e mistura, que tornam os biodigestores mais eficientes.
Marcelo é mestrando em Energias Renováveis pela UNICAMP e possui pós-graduação em Engenharia Sanitarista e Ambiental e em Tecnologia Aplicada à Cadeia Produtiva de Biogás. Com mais de 20 anos de experiência em gestão ambiental, ele já atuou em empresas como LBR-Parmalat e Seara Alimentos, onde implementou sistemas de gestão ambiental e otimizou processos industriais para reduzir riscos e custos.
Na JBS, Marcelo lidera a gestão ambiental de 37 fábricas da divisão Friboi, com foco em sustentabilidade, licenciamento ambiental, tratamento de água e efluentes, e redução das emissões de CO2. Entre seus projetos, destacam-se o retorno financeiro na gestão de resíduos, promovendo a transformação de subprodutos em bens de maior valor agregado.
Confira o nosso bate-papo com Marcelo Luis Dresch.
1. Crislaine Flor - Durante sua imersão nas unidades da JBS nos Estados Unidos, quais tecnologias ou práticas relacionadas à produção de biogás e biometano mais chamaram sua atenção? Há planos para implementar ou expandir essas práticas nas unidades brasileiras?
Marcelo Luis Dresch - A infraestrutura nos Estados Unidos se destaca por ser mais robusta, com foco na segurança e nas instalações bem preparadas, principalmente no que se refere a equipamentos como bombas, motores e tubulações. Entretanto, em termos de tecnologia, o Brasil está mais avançado. As unidades norte-americanas possuem projetos em operação há cerca de oito anos, mas no Brasil conseguimos integrar as melhores soluções globais, como sistemas de recirculação, sistema de mistura e biotecnologia tornando-os mais eficientes, algo incomum em biodigestores do tipo BLC.
2. Crislaine Flor - Quais são os principais desafios que a JBS enfrenta atualmente na implementação de projetos de biogás e biometano? E quais oportunidades você enxerga nesse campo, especialmente após sua imersão nos EUA?
Marcelo Luis Dresch - O principal desafio é tornar o biogás mais rentável, considerando que as redes de gás natural (GN) estão distantes das fontes geradoras. A geração de energia a partir do biogás apresenta um retorno sobre o investimento (payback) mais longo e menos atrativo em comparação com a produção do biometano. A melhor solução no momento em minha opinião, é explorar o autoconsumo, substituindo combustíveis fósseis no transporte e em fontes fixas.
3. Crislaine Flor - Práticas de Sustentabilidade nos EUA: Quais foram as principais práticas de sustentabilidade observadas nas unidades da JBS nos Estados Unidos que você acredita que podem ser adaptadas e aplicadas nas operações no Brasil?
Marcelo Luis Dresch - As práticas de sustentabilidade entre as operações nos EUA e no Brasil são bastante similares, pois a JBS é uma empresa global com atuação na América Latina, América do Norte, Ásia, Oceania e Europa. As equipes de sustentabilidade e meio ambiente mantêm um diálogo constante sobre metas e desafios futuros. Para que uma prática seja considerada sustentável ela precisa se perpetuar ao longo tempo, é essencial que ela gere receita, proteja o meio ambiente e promova a criação de empregos.
4. Crislaine Flor - Houve alguma inovação em tecnologias de purificação de biogás nas unidades dos EUA que você considera importante para avançarmos nas práticas ambientais globalmente?
Marcelo Luis Dresch - Nos EUA, eles utilizam a tecnologia PSA (Pressure Swing Adsorption) para purificação de biogás transformando em biometano, enquanto no Brasil adotamos o uso de membranas, que considero uma solução mais moderna e eficiente para menores vazões. Contudo, é cedo para tirar conclusões definitivas, já que nos Estados Unidos a PSA está sendo aplicada em granjas de suínos, e este ano será implementada a primeira usina de purificação em frigoríficos. No Brasil, temos mais de um ano de operação com membranas, mas precisamos de mais tempo para uma comparação justa em termos de custo-benefício entre as duas tecnologias.
5. Crislaine Flor - A JBS tem metas ambiciosas de redução de gases de efeito estufa (GEE). Como a visita às unidades dos EUA influenciou ou reafirmou as estratégias da empresa para alcançar essas metas? Como a JBS planeja integrar as tecnologias observadas nos EUA para alcançar suas metas globais de redução de GEE?
Marcelo Luis Dresch - As metas de redução de GEE são globais, mas as ações são locais. Cada equipe de cada negócio, em cada país, já mapeou suas emissões e definiu as ações para os próximos anos. À medida que as tecnologias avançam, novos projetos e oportunidades ainda surgirão, tornando os projetos cada vez mais sustentáveis. Isso reafirma que temos uma equipe sólida e preparada para cumprir o compromisso da JBS de reduzir suas emissões de GEE.
Sobre a JBS
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