De biogás à produtos

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Descubra como o biogás, com sua pegada de carbono negativa, está transformando a indústria do hidrogênio, reduzindo emissões e gerando produtos de alto valor agregado.

De biogás à produtos
Foto: Divulgação/ prof Dr Hudson
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Comunidades & Produtores de Biogás
Transição Energética

De biogás à produtos

 Por que dizem que o biogás tem pegada de carbono negativa?

Como ele pode revolucionar a indústria do hidrogênio?

Prof. Dr. Hudson Zanin | O biogás, reconhecido por sua pegada de carbono negativa, está sendo explorado para além da produção de energia, especialmente na indústria do hidrogênio. Apresento alguns pontos sobre a redução das emissões de gases de efeito estufa e a valorização dos produtos.

→ Biogás
Diz-se que o biogás tem pegada de carbono negativa porque, ao ser utilizado como fonte de energia, ele pode resultar na redução líquida de emissões de gases de efeito estufa (GEE) quando comparado com os sistemas de energia tradicionais. Isso acontece por algumas razões principais:

  • Redução de Metano: O biogás é produzido através da digestão anaeróbia de matéria orgânica, como resíduos agrícolas, esterco, resíduos urbanos, e lodo de esgoto. Esse processo evita que o metano, um poderoso gás de efeito estufa, seja liberado na atmosfera, capturando-o antes que possa contribuir para o aquecimento global. O metano capturado é então convertido em CO2 quando o biogás é queimado, mas como o metano é cerca de 25 a 28 vezes mais potente como GEE do que o CO2 em um período de 100 anos, a troca resulta em uma redução líquida das emissões.
  • Substituição de Combustíveis Fósseis: Embora a queima de biogás também libere CO2, este CO2 é parte do carbono que foi recentemente capturado do ciclo atmosférico pelas plantas utilizadas na matéria orgânica. Isso significa que o biogás é considerado neutro em carbono, pois não aumenta a quantidade de CO2 atmosférico de forma líquida.
  • Benefícios adicionais de gestão de resíduos: A produção de biogás também traz benefícios significativos de gestão de resíduos, reduzindo a quantidade de resíduos orgânicos que seriam depositados em aterros sanitários, onde se degradariam anaerobicamente e liberariam metano. Além disso, o digestato, um subproduto da digestão anaeróbia, pode ser utilizado como fertilizante, promovendo o sequestro de carbono no solo e melhorando a saúde do solo.

→ Hidrogênio

O biometano pode ser reformado em hidrogênio para atender as demandas de descarbonização do hidrogênio cinza. Com a captura do CO2 do processo de reforma podemos produzir nanotubos de carbono que tem valor de mercado de US$300 mil dólares a tonelada (o hidrogênio a US$2-6mil dólares por tonelada vira subproduto). Veja como aqui:

Um dos produtos importantes é a eletricidade e pode ser geradas em SOFC e está todo alinhado com a chamada da ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica para hidrogênio.

Como o valor desejado para hidrogênio renovável deve convergir para 2 US$/Kg isso pode trazer muita pressão e pouca margem a quem o produzir. Por isso, estas fontes extras de receita podem fortalecer os negócios. Mesmo que se aplica ao biogás na produção de H2, se aplica ao metano fóssil se o CO2 for capturado.

O potencial de produção e exploração destes energéticos aqui no Brasil é gigantesco!

Sobre o autor

Prof. Dr. Hudson Zanin, é Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1D, possui Pós-Doutorado pela University of Bristol, BRISTOL, Inglaterra; Pós-Doutorado pela Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE, Brasil. Doutorado em Engenharia Elétrica; Mestrado em Engenharia Elétrica; Especialização em Jornalismo Científico e Graduação em Física. É docente na Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da UNICAMP. Currículo Lattes, LinkedIn.

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Quer saber mais sobre o biogás no Brasil?

Autor: Prof. Dr. Hudson Zanin. Publicado em: 27 de março de 2023.

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