Qual será o futuro do biogás? Ep 2 Bernardo Marangon

Tempo de leitura: aproximadamente 6m53s

Nesse 2º episódio temos o prazer de destacar a visão do Bernardo Marangon, Sócio Administrador na Exata Energia, que respondeu a seguinte questão: “Qual será o futuro do biogás para uma matriz energética mais sustentável no Brasil?”

Qual será o futuro do biogás? Ep 2 Bernardo Marangon
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Série Especial

O Futuro do Biogás

2º Episódio - O futuro do biogás para uma matriz elétrica sustentável

Quais as tendências do mercado de biogás e as oportunidades?

Para responder a essa pergunta, o Portal Energia e Biogás convidou diferentes especialistas do setor de energia para falar um pouco sobre desafios futuros e oportunidades.
Neste segundo episódio da Série “O futuro do biogás” temos o prazer de destacar a visão do Bernardo Marangon - Sócio Administrador na Exata Energia e Diretor de Comercialização na ABRAPCH - Associação Brasileira de PCHs e CGHs, que respondeu a seguinte questão:

“Qual será o futuro do biogás para uma matriz energética mais sustentável no Brasil?”

Bernardo Marangon
Sócio Administrador na Exata Energia

Bernardo Marangon - Sobre a minha contribuição referente a questão “Qual será o futuro do biogás para uma matriz energética mais sustentável no Brasil?” gostaria de destacar primeiramente que a minha área de conhecimento está mais relacionada a energia elétrica e aos respectivos modelos de negócios, independente da fonte. Tenho conhecimento e experiência com análise de investimento nas fontes hídricas, solar e eólica. Com o biogás tenho experiência como investidor, a Exata Energia investiu em dois projetos de 75 kW no Paraná.

Primeiro ponto que podemos destacar a respeito do crescimento de negócios é o sinal econômico relacionado ao retorno do investimento. Por mais que o biogás seja uma fonte sustentável, no setor elétrico brasileiro temos outras fontes com a mesma característica, a hídrica a solar e a eólica. Estas outras fontes mais consolidadas se desenvolverem quando havia um sinal econômico positivo para que as respectivas atividades crescessem.

E o biogás, pelo que eu vejo dentro do setor elétrico possui duas alternativas claras, há possibilidade de investimento por meio de projetos de geração distribuída (GD) ou por meio de projetos que atendam ao mercado livre de energia elétrica (ACL).

Sobre a geração distribuída, nesse momento existe uma janela de oportunidades em que o investidor tem à disposição uma precificação mais interessante para entrega da energia (sistema compensação de créditos energia elétrica). Esta janela se fecha em janeiro de 2023 quando passa valer o sistema de compensação proposto na Lei 14.300/2022, vale ressaltar que diferentemente dos projetos de uma usina solar fotovoltaica na minigeração (acima de 75kW capacidade instalada) que possuem 12 meses de prazo para serem implantas após a solicitação do parecer de acesso, os projetos de usinas de biogás e de outras fontes, possuem um prazo de 36 meses para entrarem em operação após a emissão do parecer de acesso.

Esse prazo maior (36 meses) irá possibilitar aos projetos de biogás um tempo maior para aderir aos benefícios da geração distribuída. Os projetos de biogás poderiam se aproveitar desse prazo maior, quando não houver mais projetos solares com a regra atual as outras fontes se tornarão mais interessantes. Diferentemente dos projetos de Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs) que levam anos para serem executados, por serem mais complexo, os projetos de usinas de biogás são de rápida implementação.

No projeto de geração de energia a biogás a implementação do biodigestor é mais complexa, mas a outra parte do moto gerador é basicamente a aquisição de um equipamento. Assim, possibilitaria mais velocidade na montagem da usina. Neste sentido os 36 meses seriam mais do que suficientes para o desenvolvimento, captação  e implementação do projeto. Desta forma, depois que acabar os projetos solares (na regra atual), o biogás pode se tornar uma fonte mais visada para quem busca dar continuidade no crescimento dos negócios de geração compartilhada.

No campo do Mercado Livre de Energia (ACL), apesar da lei que estabelece o fim da energia incentivada, muitos defendem no mercado que o desconto de 50% e 100% se manteria para os projetos que possuírem autorização, dado que a lei cita apenas os projetos com outorgas.

O biogás, com uma boa produtividade e com controle dos desafios que a operação e manutenção apresentam, podem ter uma rentabilidade melhor do que a energia solar fotovoltaica, em projetos de 1MW até 5MW. Existem vários projetos em aterros sanitários que estão no Mercado Livre, antes a situação nos aterros era apenas a queima do biogás em flares, a oportunidade do aproveitamento energético desse gás se torna bastante interessante. Esta solução apresenta muitos desafios operacionais, que se forem bem-sucedidos irão possibilitar um retorno interessante ao investimento.

Quanto a outras possibilidades, o biometano como combustível pode ser injetado na rede de gás e nesse aspecto acredito que possa ser até mais rentável do que a geração de energia elétrica. Acredito que de modo geral é só uma questão de tempo para biogás se tornar algo grande dentro da nossa matriz energética, não apenas a matriz elétrica, mas também energética como um todo.

O biogás é uma solução que atende a atual demanda por descarbonização, substituindo outras formas de combustível. O Brasil tem um grande potencial para gerar biogás, a questão é justamente encontrar o modelo de negócio ideal para cada caso e a estrutura que possibilite um sinal econômico positivo. Nesse contexto a sustentabilidade e a descarbonização viram um grande upside do investimento.

Sobre:

Bernardo Marangon - Sócio Administrador na Exata Energia e Diretor de Comercialização na ABRAPCH - Associação Brasileira de PCHs e CGHs. Engenheiro Eletricista e Mestre em Engenharia Elétrica (Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI). Foi Diretor de Geração no Grupo Léros entre 2016 e 2018, no qual desenvolveu e foi responsável pela construção de usinas de geração fotovoltaica na modalidade de Geração Distribuída (GD) com potência de 4,5 MW.

Exata Energia - www.exataenergia.com.br 

Série Especial - O Futuro do Biogás

Confira os Episódios anteriores:

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