Qual será o futuro do biogás? Ep 3 - Airton Kunz

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Nesse 3º episódio temos o prazer de destacar a visão do Airton Kunz, Pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, que respondeu a seguinte questão: “Há novas oportunidades de negócio aos processos de geração de biogás?”

Qual será o futuro do biogás? Ep 3 - Airton Kunz
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Série Especial

O Futuro do Biogás

3º Episódio - Há novas oportunidades de negócio aos processos de geração de biogás?

Qual o caminho que a cadeia do biogás poderá trilhar para contribuir à agregação de valor aos resíduos (substratos) transformando ou extraindo produtos além do metano?

Para responder a essa pergunta, o Portal Energia e Biogás convidou diferentes especialistas do setor de energia para falar um pouco sobre desafios futuros e oportunidades.
Neste terceiro episódio da Série “O futuro do biogás” temos o prazer de destacar a visão do Airton Kunz - Pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, que respondeu a seguinte questão:

“Há novas oportunidades de negócio aos processos de geração de biogás?”

Airton Kunz
Pesquisador da Embrapa Suínos e Aves

Airton Kunz - O biogás como fonte renovável de energia dentro da matriz energética brasileira tem desempenhado um papel cada vez mais importante e estratégico como alternativa aos combustíveis fósseis. Observa-se um crescimento vigoroso na estruturação de processos de geração de biogás (e de biometano) a partir de fontes de matéria orgânica originada especialmente em resíduos e mais recentemente a partir de outras fontes como por exemplo as culturas energéticas como possiblidade para aumentar o suprimento de carbono biodegradável às plantas de produção de biogás.

 No entanto, uma pergunta a nos fazermos é:

“Qual o caminho que a cadeia do biogás poderá trilhar para contribuir à agregação de valor aos resíduos (substratos) transformando ou extraindo produtos além do metano?”

 Assim, me parece que o futuro do biogás, aliado a um forte esforço de P, D & I, encontrará guarida em elos importantes dos processos de geração de biogás, vislumbrando não apenas o metano como fim mas também outros elementos que hoje são vistos como indesejáveis ou de baixo valor agregado. 

Alguns pontos que devemos lançar luz devem necessariamente passar por uma  mudança do nosso modelo mental (mindset) destas plantas de geração de biogás para que estas sejam vistas sob o conceito de biorrefinaria. Abaixo alguns exemplos de oportunidades que se vislumbram:

  1. Moléculas intermediárias: dentro das 4 fases da geração de biogás a literatura técnica científica nos ensina a controlarmos os processos de tal forma a evitarmos o acúmulo de ácidos graxos voláteis (AGVs) principalmente os de cadeia curta. Estas moléculas quando se acumulam em um biodigestor são um indicativo de que a planta não está bem e há uma inibição da metanogênese que é a última das quatro fases do processo (para saber mais acesse o livro Fundamentos da digestão anaeróbia e purificação do biogás...). No entanto, estes ácidos de cadeia curta gerados podem ser extraídos apresentando um alto valor agregado. As tecnologias de membrana tem se popularizado e a sua aplicação a este arranjo se apresenta como um importante nicho de mercado.
  2. Reforma de metano: Este processo baseia-se na transformação catalítica da molécula do metano em outra moléculas com especial  atenção ao hidrogênio. O interesse e tecnologias de uso do H2 tem crescido recentemente a um ritmo acelerado. Assim, o metano a partir da biomassa tem a possiblidade de funcionar como um precursor e agente alimentador da cadeia de hidrogênio, sendo gerado por uma matriz não fóssil. 
  3. Recuperação de nutrientes do digestato: Os nutrientes presentes no digestato (NPK) apresentam concentrações variáveis em função da característica do substrato que alimenta os biodigestores e obviamente pela tecnologia de digestão anaeróbia empregada. Como é de senso comum o valor econômico atribuído ao digestato está associado a concentração destes elementos (quando mais concentrados maior o seu valor). Neste sentido, o avanço em tecnologias de extração e recuperação de nutrientes utilizando-se tecnologias de remoção química (ex: Fosfato de Cálcio Estruvita, K-estruvita), físicas (ex: extração de NH3) e biológicas (ex: N e P com microalgas) são alternativas em estudo para aplicação a este fim com vistas a obter produtos de maior grau de pureza para uso agrícola ou mesmo em outras cadeias como a de alimentos.

Por fim, a medida que as plantas (usinas de biogás) se popularizam e aumentam sua escala de produção, novas oportunidades a introdução de rotas tecnológicas se descortinam. Isto cria um terreno fértil à inserção e adoção da inovação incremental ou mesmo disruptiva à cadeia do biogás para o crescimento sustentado da cadeia. 

Sobre:

Airton Kunz - Doutor em Química pela Unicamp. Pós-doutorado na Texas A & M University e no USDA/ARS. Pesquisador Sênior da Embrapa Suínos e Aves. Orientador de mestrado e doutorado nos seguintes programas: Ciência e Tecnologia Ambiental – UFFS (Erechim-RS), Engenharia Agrícola – UNIOESTE (Cascavel-PR) e Engenharia e Tecnologia Ambiental - UFPR (Palotina-PR). Presidente da SBERA (2009-2011 e 2011-2013) e diretor de área de pecuária (2017-2019). Editor de área das revistas científicas Engenharia Agrícola,  Sustainability e Frontiers of Sustainable Food Systems. Possui experiência em tratamento e aproveitamento de resíduos da produção animal, especialmente digestão anaeróbia, recuperação de nutrientes e reúso de efluentes. Embrapa Suínos e Aves

Série Especial - O Futuro do Biogás

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