Qual será o futuro do biogás? Ep 5 - Fernando Giachini Lopes

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Nesse 5º episódio temos o prazer de destacar a visão do Fernando Giachini Lopes, Diretor do Instituto Totum, que respondeu a seguinte questão: “Qual o futuro do biogás para uma matriz energética mais sustentável no Brasil?”

Qual será o futuro do biogás? Ep 5 - Fernando Giachini Lopes
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Série Especial

O Futuro do Biogás

5º Episódio - O Futuro do Biogás

Qual será o futuro do biogás para uma matriz energética mais sustentável no Brasil?

Para responder a essa pergunta, o Portal Energia e Biogás convidou diferentes especialistas do mercado para falar um pouco sobre desafios futuros e as oportunidades no setor de biogás.
Neste quinto episódio da Série “O futuro do biogás” temos o prazer de destacar a visão do Fernando Giachini Lopes - Diretor do Instituto Totum, .que respondeu a seguinte questão:

“Qual o futuro do biogás para uma matriz energética mais sustentável no Brasil?”

Fernando Giachini Lopes
Diretor - Instituto Totum

Fernando Giachini Lopes – Gostaria de destacar que minha área de conhecimento está relacionada aos ativos ambientais ligados aos diversos processos e produtos, como por exemplo créditos de carbono, certificados de energia renovável e certificados de biometano.

Organizações que procuram reportar suas emissões de gases de efeito estufa e consequentemente diminuí-las possuem uma variedade de opções à disposição. Tais opções incluem ações e instrumentos para redução de suas emissões diretas, atividades e instrumentos para redução de emissões indiretas pelo uso de energia adquirida, além de incentivar participantes de suas cadeias de negócio a reduzir as emissões que acabam indo para a pegada de carbono dos produtos e serviços entregues ao mercado.

Dentro desse leque de opções, existem ações internas efetivas de redução de emissões ou aumento de eficiência (como por exemplo, queimadores mais eficientes), mudanças na matriz de energia (troca de combustível) ou também aquisição de ativos ambientais que diminuam ou compensem a pegada de carbono.

Nesse aspecto o biogás ou biometano podem ser agentes relevantes para as estratégias de redução de pegada de carbono das organizações, como podemos ver a seguir:

a) Energia elétrica a partir de biogás: a queima do biogás para a geração de energia elétrica insere na matriz energética parcelas de energia renovável com baixas emissões de CO2. Essa injeção de energia elétrica pode ser feita por meio de Geração Distribuída (até 5 MW) ou por meio do Mercado Livre (acima de 5 MW). Independentemente da escolha, já discutida em artigos anteriores dessa coluna, ambas estratégias podem contar com a Certificação I-REC, que é uma garantia de origem da energia, valorizando o atributo ambiental da energia renovável. Por meio desse certificado internacional, o gerador de energia comercializa o atributo ambiental da energia ao consumidor, sendo que o consumidor terá o direito de declarar a origem renovável de sua energia e consequentemente podendo ter uma pegada de carbono menor em relação às empresas que adquirem energia sem garantias de origem. Para se ter uma ideia, empresas que adquiriram energia elétrica sem garantia de origem em 2021 colocaram em suas pegadas de carbono cerca de 130 kg de CO2 equivalente para cada 1 MWh consumido.

Já empresas que adquirem I-RECs têm sua pegada de carbono praticamente zeradas para consumo de energia elétrica. Essa certificação representa atualmente receita líquida extra da ordem de 1% em relação ao preço da energia comercializado no mercado livre. Além disso, como no Brasil o biogás é obtido a partir do tratamento de resíduos, o produtor de energia poderia pleitear reduções de emissão (créditos de carbono) em relação ao metano evitado. Isso representa receita extra que pode ser comercializada de forma independente da energia elétrica e dos I-RECs.

b) Biometano para uso no transporte ou combustão estacionária: a limpeza do biogás e seu upgrade para biometano, que pode ser comercializado para o mercado tanto como combustível para transporte, como para combustível em gasodutos para uso industrial, é outra estratégia para a descarbonização dos consumidores. Nos casos em que o biometano é injetado em gasodutos em que também é injetado gás natural fóssil, o consumidor deve usar algum instrumento de rastreabilidade para garantir a posse dos atributos ambientais do biometano. Aqui entra o GAS-REC, certificado de origem de biometano. O GAS-REC é um certificado que utiliza um sistema de “book and claim”, que transfere os atributos ambientais do biometano de posse do produtor para o consumidor do biometano. Adquirido o GAS-REC, o consumidor na ponta do gasoduto pode se alocar da parcela renovável do gás consumido, representando uma pegada de carbono muito mais limpa.

O mesmo se aplica para grandes frotistas que estão alterando os motores para uso de biometano: caso utilizem a estrutura de postos de combustível, os consumidores somente poderão fazer alegações de consumo de biometano caso possuam os certificados de rastreabilidade, como o GAS-REC. Além desse certificado, que representa receita extra ao produtores de biometano, existe o programa regulamentado do RenovaBio, que emite um certificado chamado CBIO, que é ser adquirido obrigatoriamente pelos distribuidores de combustível. Mais ainda, como no caso do biogás já citado acima, existe a possibilidade de pleitear créditos de carbono em função do metano evitado na atmosfera decorrente do tratamento do resíduo.

Sendo assim, o biogás é uma solução que atende às demandas de descarbonização, tanto substituindo outras formas de combustível, quanto gerando ativos ambientais correlacionados, representando importantes upsides na estruturação de investimentos do setor.

Sobre:

Fernando Giachini Lopes - Diretor do Instituto Totum de Desenvolvimento e Gestão Empresarial Ltda: Formado em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP - 1991) e pós graduado em Engenharia de Produção pela mesma Escola (USP 1997), com curso de especialização de gestão da qualidade pela Universidade do Tennessee (EUA 1993). No ano de 2005 fundou o Instituto Totum, certificadora acreditada junto ao Inmetro, organização que dirige atualmente, sendo responsável pela concepção, gerenciamento e operação de programas de autorregulamentação nas áreas de alimento, energia, indústria e serviços. Obteve ao longo de 15 anos os seguintes reconhecimentos: Organismo de Certificação de Sistemas, Produtos, Pessoas e Verificação e Inventários de Gases de Efeito Estufa; Emissor local de I-RECs no Brasil; Firma Inspetora acreditada pela ANP para RenovaBio; Certificadora acreditada para RPPS e Organismo de Verificação acreditado pelo Climate Bonds Initiative para Green Bonds no Brasil.

Série Especial - O Futuro do Biogás

Confira os Episódios anteriores:

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